domingo, 24 de abril de 2016

Criando uma editora

Não sei porquê, acho que esta foto abaixo tem algo a ver com o problema indiciado acima:

sábado, 23 de abril de 2016

Como fazer um best-seller, lição #136

[Trecho de Castle, Ep.17,T8, canal AXN, grav. 11.00 23/4 p/ uso não comercial]

A solução

PCP dá lição ao BE, do género: cresce!


Já citei a frase mas quando os partidos ignoram o que é elementar na política há que ser repetitivo. Em 1804, para fragilizar os monárquicos, que faziam complôs no exílio, Napoleão mandou sequestrar um nobre de alta condição, o jovem duque d"Enghien. A operação acabou mal, o duque foi fuzilado - e o que era para assustar pôs todas as casas reais europeias assanhadas contra a França. Daí a frase, não se sabe bem se dita por Talleyrand ou Fouché, os chefes da diplomacia e da polícia de Napoleão: "Mais do que um crime, foi um erro." Ontem, o PCP puxou o tapete à mudança do Cartão de Cidadão: está contra. A bandeira que os bloquistas hastearam não era, evidentemente, um crime, mas um rematado erro. Porque era a caricatura com que, demasiadas vezes, o BE se apresenta, ele mais as suas causas bizarras. Ao PC agradaria, claro, que o BE deslizasse na casca de banana que atirou a si próprio. Mas mais do que deixar prosseguir o deslize do aliado e adversário, ao PCP importou mostrar que ele é que sabe da poda. O Cartão de Cidadão tem problemas? Sim, tem, diz o PC, mas os "de gramática" não são prioritários... O grave, dizem os comunistas, é o Cartão de Cidadão ser caro e não ser vitalício para os de mais de 70 anos, como era o BI. A luta do PCP é básica? É, mas cola com a sua imagem, simples e clara. Já o BE, insistindo na caricatura, um dia talvez aprenda que isso, não sendo um crime, pode vir a ser um erro fatal.

Publishing in the postcolonial world

Nem de propósito, ontem falei-vos do meu dia complicado. A conferência no Limoeiro (onde tanto Bocage como o meu avô estiveram presos – a mim, porreiro, deixaram-me sair. Depois o ir buscar os passaportes com o visto de trabalho e ter apanhado um táxi à cautela – "Para não correr o risco de apanhar um carteirista no metro" –e de regressar a casa de táxi mas, como estava com fome, ir comer uma sopa ao café. Acalorado, tirei o casaco e pu-lo numa cadeira a quase dois metros atrás de mim e, durante dez minutos, li o Correio da Manhã e almocei duas sopas. (Estes pormenores não se inventam.) Esqueci completamente o casaco. Tive sorte, porque ali já houve roubos.  No bolso tinha também o esboço do contrato com uma editora de Calcutá: só a cláusula 16 mr colocava dúvidas, fora isso é correcto. Se juntarmos a isso a minha preocupação por ter envenenado o meu filho cá de visita (comprei-lhe um sushi estragado) e a lista de actividades que amanhã terei em Belgrado mal aterre num voo que me obriga a acordar às quatro da manhã... (Já nem falo do facto de ter o gravador avariado e estar com receio de perder a estreia da Guerra dos Tronos: afinal o Jon Snow sobreviveu ou não? Estou em pulgas.) A boa notícia é que fui convidado para ir à Madeira e de tudo o que mete a hipótese de acumular milhas agrada-me.
É agora, sábado, nove da manhã, vejo este interessante artigo que me chegou via o facebook da directora da ONG Literature Across Frontiers, Alexandra Büchler.http://publishingperspectives.com/2016/04/publishing-postcolonial-world/#.Vxp9ExRMDad.facebook

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Exercício: Vamos criar uma editora?

De que precisamos - além de uma grande fortuna?

Eu sou o meu cartão de visita - «Atenção, Marlene, estás sem rede, o teu pai morreu assim.»

1. Objectivos
2. Nome
3. Lista
4.
5.
6.

De novo o sempre útil exercício de pontuação

[Título?]

já citei a frase mas quando os partidos ignoram o que é elementar na política há que ser repetitivo  em 1804  para fragilizar os monárquicos  que faziam complôs no exílio  napoleão mandou sequestrar um nobre de alta condição  o jovem duque d’enghien  a operação acabou mal  o duque foi fuzilado – e o que era para assustar pôs todas as casas reais europeias assanhadas contra a frança  daí a frase  não se sabe bem se dita por talleyrand ou fouché  os chefes da diplomacia e da polícia de napoleão  "mais do que um crime  foi um erro " ontem  o pcp puxou o tapete à mudança do cartão de cidadão  está contra  a bandeira que os bloquistas hastearam não era  evidentemente  um crime  mas um rematado erro  porque era a caricatura com que  demasiadas vezes  o be se apresenta  ele mais as suas causas bizarras  ao pc agradaria  claro  que o be deslizasse na casca de banana que atirou a si próprio  mas mais do que deixar prosseguir o deslize do aliado e adversário  ao pcp importou mostrar que ele é que sabe da poda  o cartão de cidadão tem problemas  sim  tem  diz o pc  mas os "de gramática" não são prioritários    o grave  dizem os comunistas  é o cartão de cidadão ser caro e não ser vitalício para os de mais de 70 anos  como era o bi  a luta do pcp é básica  é  mas cola com a sua imagem  simples e clara  já o be  insistindo na caricatura  um dia talvez aprenda que isso  não sendo um crime  pode vir a ser um erro fatal 

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Exercício capas e contracapas

Tudo no livro é se-dução: condução a si. O livro escolar pode permitir-se uma postura agressiva: é, até certo ponto, obrigatório. Ora grande parte dos livros não o é. Um livro sobre Direito Administrativo não precisa de muito mais na capa do que essas mesmas letras - quando muito, um elogio tipo «Imprescindível» ou uma informação tipo «18ª impressão». Já um romance precisa de ganchos com os quais abordar os navios dos leitores.  

Se a capa é sobretudo apelativa, contracapa e badanas deverão ser mais informativas. O esquema é simples:
Capa: A/I.
Contracapa: I/A
Colofon: I
Texto: I/A ou A/I ou A=I





Outras capas de Stoner: 






Uma crítica curiosa a Stoner e à credibilidade de quem diz «Tens de ler!» Aqui.
A propósito contarei a história do «Melhor documentário do mundo». 

Do rigor e da morte do artista

Qual o problema da gralhita nesta imagem? É que o Público, abraços com falta de revisores, era o «jornal de referência» português - ou pelo menos reclamava esse título. Foi, tanto quanto sei, o primeiro a ter um Livro de Estilo impresso, que até comercializou.
Não é grave num restaurante uma vez por outra vir um cabelo na sopa. Mas se o restaurante quer ter duas estrelas Michelin tem de ser impecável. Esse o problema. Um erro não tem gravidade. Quando se acumulam correm o risco de virar padrão.
(E, sim, há uma gralha na segunda frase deste texto. Daquelas com as quais, mal se distrai, uma pessoa se vê abraços.)
O artigo completo aqui.

Tecnologias rivais?


domingo, 17 de abril de 2016

Prever o futuro, calcular as tendências do mercado (ou seja, do mundo)

[Nota:vejam isto como um segmento de aula: estamos num mestrado, a aula é um apeadeiro, não a viagem. Essa é feita no cruzamento entre aula, leituras, trabalhos, reflexão, aplicação. E, sim, os exercícios em aula são importantes, mas consomem tempo; em contrapartida, ler aqui este artigo até talvez seja melhor do que em aula...]

     A mim, e Entristece-me que a edição perca o seu lado artesanal. O livro será sempre, para mim, o mano a mano entre um indivíduo e um texto, um diálogo silencioso entre duas cabeças pensantes e originais (únicas) q.b. - é isso que, para mim, significa «livro».
     Entrementes, vieram os extraterrestres. Como nos filmes de FC/terror, os aliens tomaram conta dos nossos corpos, das nossas memórias, da nossa mente. Quase é difícil distinguir o nosso ex-marido de um extraterrestre que tomou o seu corpo, etc.
     Traduzindo: muitos livros que hoje enchem o mercado não preenchem os requisitos de um livro (são mais «produtos» que outra coisa, e seguem uma lógica parecida com a dos outros produtos de consumo. Muita da gente que trabalha na indústria do livro nem sequer gosta de ler!
     Mas é assim, e temos de lidar com isso. Bolsas há de resistência, inclusive nas redes sociais. Veja-se este cartoon onde a adaptação para filme, hoje uma espécie de marca de sucesso de um livro, é vista como uma história de terror que um livro conta aos outros num acampamento à volta da fogueira.

«E então... Depois de lhe arrancarem metade das páginas... 
Fizeram dela um... um filme!»
«Oh, não!»   «Meu Deus, que horror!»

     Cada vez as regras do mercado são aplicadas ao livro, que se imaginava (embora, como Bourdieu observa, não fosse inteiramente verdade) fora desse mundo: o livro pertenceria sobretudo ao plano (elevado) do espírito, mais do que ao sujo (e baixo) mundo material. Ainda hoje há marcas disso, embora eu receie que, cada vez mais, seja uma cauda vestigial, ou a memória fantasma de um membro amputado há muito. Onde vemos isso? No meu duplamente colega José Rodrigues dos Santos, que se sente mais prestigiado como «escritor» que como «pivô de televisão». Nas pessoas que dizem que «gostam é de ler» em vez de «ver televisão». No modo como o livro ainda é um bem de prestígio. 
     Eu não gosto de aplicar modelos de análise estatísticos ao livro, mas cada vez mais os grandes grupos funcionam assim - ou, quando não funcionam, gostam de imaginar que funcionam assim, ou gostariam de funcionar assim - e têm isso como modelo no futuro próximo. 
     A Amazon, que distribui livros por computador, tem a vida facilitada: ela é uma base de dados. (A Wook - ligada à Porto Editora - também para lá caminha.) Um algoritmo interpreta as minhas compras e, imediatamente, me traça (vai traçando) um perfil a partir das minhas compras online. Quando compro um livro já me aparecem sugestões em função das minhas comprar anteriores. É um bocadinho arrepiante. É o admirável mundo novo:


     Não me quero alongar mais. Acho que esta é matéria interessante - e premente. Por um lado, a memória do mundo artesanal e arcádico não o traz de volta (nem sabemos se o queremos de volta: um editor de cachimbo, uma livraria a cheirar a fumo, um ambiente pretensioso e tendencialmente masculino), por outro lado qual a alegria de trabalhar o livro num mundo onde já não haja leitores, só consumidores, já não haja «indivíduo», apenas «tendências de mercado»?
     Veja aqui este artigo sobre a copa do mundo de má memória tanto para Brasil como para Portugal... 



sexta-feira, 15 de abril de 2016

Sexta 15 - a aula de hoje

0. Como o nosso escritório mudou nos últimos 30 anos. Ver aqui.
1. Exercício em aula: comentário a um livro (em grupos de dois).
2. A ficha de leitura. Para quê e porquê.
2.1. Género, extensão, sinopse, linhas mestras, publicabilidade, críticas (caso tenha sido publicado), pontos fortes oportunidade, valor para a marca (dinheiro e/ou prestígio).
2.2. Vender o livro aos parceiros.
2.3. Anedota: o melhor sales pitch do mundo (Frankfurt 1999).
3. Continuação da aula anterior (ver post da aula passada).
4. Como decidir o preço de capa?
5. Estudo de caso. A Relógio d'Água:
5.1. Um bom planeamento com uma equipa pequena.
5.2. Uma boa pub de facebook: Clarice Lispector, Todos os Contos.
5.3. Sentido de oportunidade: Philip K. Dick, O Homem do Castelo Alto.
TPC facultativo: Fotografar a melhor capa que encontremos numa livraria (num, digamos, grupo de 20 livros). Escolher a melhor contracapa (num , digamos, grupo de 10 livros).





quarta-feira, 13 de abril de 2016

Isto é que é verdadeiramente trabalhar descansando

Como o professor diz, editor trabalha descansando.
- encontrado na parede da casa de banho duma redação.
- "a sério" porque há um outro papel, numa outra casa de banho, onde a gralha também foi corrigida.


segunda-feira, 11 de abril de 2016

Em 2016, o que é «reunir»?

Suponho que esta frase - «A nossa sala de ensaios é o Whatsapp» - tenha sido dita como uma espécie de piada. Mas não é.
Fica até mais clara se for dita ao contrário: «O Whatsapp é a nossa sala de ensaios».
Podia ser o Facebook, o Google Drive, cenas gravadas com a máquina de filmar do telemóvel, etc. E há vários níveis de Skype, até usados já em provas académicas (!).

Há mais de trinta anos, comprei um fax e nunca um brinquedo tecnológico me foi tão útil e, sobretudo, tão rapidamente o investimento financeiro recuperado. (Meia-dúzia de artigos enviados para um jornal pagaram-no e deixei de apanhar transportes públicos à pressa.)
Hoje já faço pontualmente depoimentos com o meu telemóvel. E as reuniões com orientandos, quando presenciais, umas vezes no meu gabinete, outras (quando fora de horas de gabinete) noutros «gabinetes» quaisquer. Um café, por exemplo - e não deixa de ser reunião (com todo o trabalho que o o conceito de reunião implica) por isso.  

Um convite a «publicação científica» que é também um modelo de critérios editoriais

A indústria da publicação científica é bem distinta da edição comercial (tal como a publicação de livros escolares é distinta da de poesia, etc.), mas alguns dos seus critérios são-nos úteis. E nunca se sabe quando queremos escrever um artigo científico ou tornarmo-nos editores de uma publicação dessa natureza.... É um mercado em franco crescimento!

CALL FOR PAPERS

The InterDISCIPLINARY Journal of Portuguese Diaspora Studies (IJPDS)
welcomes original contributions for the annual issue of the journal (online
and print) to be published in the fall/winter 2017. Researchers in the
Humanities and Social Sciences are encouraged to submit papers in final form
by September 30th, 2016.
IJPDS represents original scholarship receptive to interdisciplinary topics
and theoretical contexts spanning the diversity and variety of research
interests. We encourage proposals from a wide array of scholarly
proveniences, approaches and perspectives that embrace a construct of
Portuguese diaspora across time and space.
Manuscripts in English, Portuguese, Spanish, or French are accepted for
review and must be accompanied by an abstract in English, as well as in the
original language in which the paper is written.  For submission guidelines
please consult the journal’s website:
studies.com/index.php/ijpds/about/submissions#onlineSubmissions
All submissions are peer reviewed.
Papers that have already been published or are under consideration elsewhere
will not be accepted in IJPDS.

IJPDS Editorial Team
________________________________________________________________________
InterDISCIPLINARY Journal of Portuguese Diaspora Studies
http://portuguese-diaspora-studies.com

domingo, 10 de abril de 2016

Censura, auto-censura, decisores e propostas

Este abaixo é (na minha opinião) um excelente anúncio às pastilhas contra a tosse Halls. Infelizmente, não foi passado em Portugal - suspeito que por se presumir que este tipo de humor não funcionaria junto de um auditório «conservador, católico, susceptível».
Isto veio a propósito de um indivíduo que quer apresentar uma proposta ousada aos decisores de uma cadeia televisiva. E argumentou: «Mas os EUA já tiveram Os Sopranos, o Seis Paomos debaixo de terra...»
Primeiro, não foram «os EUA», foi um canal: a HBO. Segundo, os mesmos decisores portugueses que se encantam com esses programas podem, passado um momento de entusiasmo, presumir que «infelizmente isso ainda não funcionaria cá».
Mas quem tem razão? Só o tempo o dirá - ou diria, quando a decisão é arrepiar caminho,

O «Sales Pitch», agora popularizado no Tanque dos Tubarões (ou Shark Tank), é o momento em que alguém apresenta uma proposta e a tenta fazer valer junto de um grupo de decisores. O mundo editorial está cheio de momentos desses, por exemplo quando:
 ● o autor envia o livro para a editora
 ● um agente (profissional ou amador) propõe o livro
 ● um editor júnior tenta fazer valer um projecto junto dos superiores
 ● um editor defende o plano junto do proprietário ou da direcção financeira
● uma editora propõe o livro a uma congénere estrangeira
● um designer apresenta as propostas de capa
● um editor apresenta o livro à força de vendas
● ou à equipa de comunicação e marketing
● o vendedor visita a livraria ou
● se reúne com o responsável pelas compras da grande superfície
● o livreiro expõe os livros
● o livro está sozinho entre os outros livros, tal como o burro do Shrek

Enfim, quase se podia dizer que onde há comunicação há «sales pitch». 

Já agora, sabiam que a famosa HBO recusou uma das mais bem sucedidas séries televisivas, Breaking Bad? Ler aqui em businessinsider.com



sexta-feira, 8 de abril de 2016

A aulda de hoje (6ª 8 de Abril)

1. Discussão em torno do ponto 3 da aula anterior
2. Como decidir a tiragem?
3. Comunicação e marketing 
3.1. Que tipo de investimento?
3.2. Usando as redes sociais
3.3. Quando mais é menos
3.4. Erros comuns


1.Raquel Silva: 
«Esfomear é uma saída ainda mais fácil
(...)
Merda, eu não conseguiria escrever aqui 
Demasiado silêncio aqui demasiadas árvores 
Eu gosto da cidade é o lugar para mim 
Ponho música clássica a tocar cada manha 
E sento-me em frente da máquina de escrever
(...)
Ela pensou que eu vinha aqui dormir com alguém 
Ela apenas sabia Ela disse-me que sabia 
Merda, tenho 51 anos e ela tem 25 
e estamos apaixonados e ela está com inveja 
Deus, é lindo 
Ela disse que me arrancava os olhos se eu viesse aqui 
E dormisse com alguém 
E isso sim é que é o amor 
O que é que algum de vocês sabe disso 
Deixem-me contar-vos uma coisa 
Conheci homens na prisão que tinham mais estilo 
Do que as pessoas que andam pela faculdade 


2. Como decidir a tiragem?
Obviamente, através de um estudo de mercado. mas o que é um estudo de mercado? É credível que, para cada livro, um editor encomende a uma agência externa um estudo de mercado? Ou que tenha um gabinete só para estudos de mercado?
Geralmente, na reunião de apresentação do plano anual, semestral, trimestral ou outro, são discutidos os projectos. O estado das coisas, o que falhou, apostas a fazer, o calendário agendado.    

O que o livro nos diz sobre o livro? O princípio é sempre este: ver que valor o livro se atribui a si. Imaginar o seu trajecto: o melhor e o pior. O livro pede para ser vendido na Pó dos Livros ou no Continente? 
Riscos: tiragem a mais implica armazenar, perder dinheiro, aumento das custas, exemplares devolvidos, etc.; tiragem a menos implica perder tempo, velocidade, o pesadelo de não responder à procura. 
Anedota: o caso da biografia de Amália. O caso da tiragem cobarde. O Natal é um pavor: abrem ou não os caixotes?
Modalidades dominantes: venda firme com direito a devolução, consignação

Algumas regras elementares:
● Não se lançam novos autores no Natal (escolhe-se outro calendário)
● Calcular capacidade de resposta
● E se o livro esgotar - é sempre necessariamente mau?
● Prevenir as oportunidades para o livro (promoção, festejos, prémios, apoios)
● Um livro de poesia tem geralmente um destino traçado diferente de um policial
● Não enviar bilhetes para o circo a quem detesta palhaços (por outro lado, nunca se sabe)


3. Comunicação e marketing

Comunicar
● «Eu não acredito em lançamentos!» - palavras do editor Rui Pena Pires (Celta, ed. univ.)
● Bom investimento - flores para Rita Ferro
● Um lançamento numa escola - sem avisar a imprensa
● A carteira de contactos
● A mailing list - como fazer?
● Marshall McLuhan: «The medium is the massage»
● A arte do blurb: quando menos é mais
● O comunicado de imprensa
● O preço é bom?

Planear a campanha
● Quem é a autora? Nova/velha? Está cá/viva? É conhecida?
● Qual o orçamento? ( Como foi planeado o prazo do livro? Quando lançar?)
● Vale a pena comprar um anúncio na TV? Uma montra?
● Como usar as redes sociais?
● O video-livro ou booktrailer
● Como trabalhar com livreiros independentes?
● Como trabalhar com livreiros independentes sendo um grande editor?
Como trabalhar com as livrarias sendo um pequeno editor? (O pequeno editor como pequeno chato, que arruína a logística - vale também para a  tipografia... Gostamos de quem nos dá trabalho ou de quem nos dá dinheiro?)
● Menos pode ser mais, mas...
● Menos também pode ser menos
● Soft power vs. arrasar
● A expectativa crítica - Pedro Mexia: «A crítica não vende»
● Pensar fora da caixa. Pensar a caixa. Pensar sem caixa

O livro fala 
● A capa é a primeira coisa que o leitor vê. (Um vídeo ilustrativo)
● A comunicação aos parceiros - vendedores, distribuidores, livreiros, bibliotecários - foi bem feita?
● Pré-venda
● Como facilitar que o consumidor se separe do seu dinheiro (em vez de dificultar)
● Como «conduzir» o potencial leitor até ao queijo? (A questão do índice e do mistério, da letra e da paginação, da textura)
● Qual o gancho do livro? «John Grisham, o criador do thriller de tribunal!» (Guthrie, 2011: 164)

Porque vende um livro?
● Boca a boca
● Campanha forte
● Um gancho
● Clube do livro
● Prémio
● Tema escaldante







quinta-feira, 7 de abril de 2016

New trends: o contínuo marketing mútuo

Cada vez mais, não havendo necessariamente troca de dinheiro, há um movimento de permuta: a cedência mútua de imagem, serviços e prestígio.
Aqui, um projecto de posters para o novo bairro boémio de Lisboa: Xabregas.
Nota: a própria notícia é prova de que a coisa funciona. E ainda: a própria notícia é evento.

«(...) Na zona, tocando o Beato e Marvila, entre arquitectura industrial e novecentista de influências várias e de grandes dimensões há teatros, tascas e restaurantes de sempre. E surgem, aqui e ali, ateliers, galerias, a ocasional cervejaria artesanal ou ginásios especializados. Há palacetes, jornais e projectos como o EKA Palace ou a Fábrica do Braço de Prata. O bairro tem um “carisma muito próprio”, descreveu Bruno Pereira, e, precisou ao PÚBLICO, está “naquele momento de viragem” entre o esquecido e o boom – para a vizinhança irá, também em Junho, o NOW, um dos maiores espaços decowork da Europa, juntando-se a outros do género já existentes no bairro ligados às indústrias criativas.»

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Um convite que sabe a pouco

[Ainda em continuação da aula anterior]
Recebi este convite. Em si o convite não tem nada de mal. Mas, se o recebi via email, poderia ter vindo mais alguma informação anexa - quer sobre o livro, quer sobre a autora. Concorda? 
Nem que fosse a reprodução da contracapa. Repito: concorda?


Sobre a aula de sexta passada e de sexta próxima

Um sumário possível da aula de sexta 1/4 seria:
1. O editor como croupier, distribuidor de jogo
1.1. O editor é o único agente que comunica com todos os outros
1.2. Tradicionalmente o decisor, hoje com menos poder
1.3. A editora como fábrica de sucessos Vs. Criadora de bons livros (ponto a debater de novo)
2. Algumas anedotas ilustrativas: quando o certo dá errado e o errado dá certo
2.1. E isso porquê? Desde logo porque cada livro é um protótipo
2.1.1 Mesmo os livros de um mesmo e repetitivo autor são diferentes entre si: nas letras, nas páginas, na capa, etc.
2.1.2. Isso torna particularmente difícil a previsão de sucesso, embora quanto mais repetitivo o autor seja mais possamos contar com algum fenómeno de fidelidade (não muita, todavia, os leitores são caprichosos)
2.2. E, se os leitores são caprichosos, mais ainda os livros, como dizia a lendária agente Carmen Balcells: «Os livros são caprichosos»
2.2.1. Mais difíceis de fazer que uma camisa, mas considerados caros
2.2.2. Um produto irregular por excelência (se não fosse, a coisa seria fácil. grandes e experientes editores publicariam sempre certo, só livros que vendem e são bons
3. A vantagem dos exercícios
3.1. Traduzir não é apenas traduzir: é treinar a audição para a voz daquele texto concreto e, por conseguinte, todos os outros textos
3.2. O objectivo é sermos lestos a detectar problemas («Índios Gregos», por exemplo)
3.3. Dois jogos com poemas de Raymond Carver
3.3.1. «Cheers» - quem é a personagem que fala? (Um bêbedo desesperado e separado, não é? Um fulano á beira de pegar numa caçadeira e desgraçar a vida de alguma gente)
 e «You don't know what love is (an evening with Charles Bukovsky)» - aqui quem fala é outro poeta, Carver «limitou-se» a traduzir a voz do outro, é quase um exercício de paródia
4. Adequação: o conceito-chave
4.1. Comparação entre as capas de alguns livros
4.2. Avaliação rápida da sua eficiência
4.3. O livro pede que aventura? (Exemplo: «É ilegal o prof. dar notas»)
5. O que colocar na contracapa?
5.1. Quem é o responsável - editor ou depcom?
5.2. A regra dos cinco: trecho, sinopse, bioblurb, críticas, foto
5.3. A liberdade é total. Mas alguma razoabilidade haverá entre a ausência total e o rancho minhoto...

Próxima aula:
1. Discussão em torno do ponto 3 da aula anterior
2. Como decidir a tiragem?
3. Comunicação e marketing 
3.1. Que tipo de investimento?
3.2. Usando as redes sociais
3.3. Quando mais é menos
3.4. Erros comuns

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Da tradução: acertar o tom

Cheers 

Vodka chased with coffee. Each morning
I hang the sign on the door:

OUT TO LUNCH

But no one pays attention; my friends
look at the sign and
sometimes leave little notes,
or else they call - Come out and play,
Ray - mond
.

Once my son, that bastard,
slipped in and left me a colored egg
and a walking stick.
I think he drank some of my vodka.
And last week my wife dropped by
with a can of beef soup
and a carton of tears.
She drank some of my vodka, too, I think,
then left hurriedly in a strange car
with a man I'd never seen before.
They don't understand; I'm fine,
just fine where I am, for any day now
I shall be, I shall be, I shall be . . .

I intend to take all the time in this world,
consider everything, even miracles,
yet remain on guard, ever
more careful, more watchful,
against those who would sin against me,
against those who would steal vodka,
against those who would do me harm. 



You Don't Know What Love Is 
(an evening with Charles Bukowski) by Ramond Carver 

You don't know what love is Bukowski said 
I'm 51 years old look at me 
I'm in love with this young broad 
I got it bad but she's hung up too 
so it's all right man that's the way it should be 
I get in their blood and they can't get me out 
They try everything to get away from me 
but they all come back in the end 
They all came back to me except 
the one I planted 
I cried over that one 
but I cried easy in those days 
Don't let me get onto the hard stuff man 
I get mean then 
I could sit here and drink beer 
with you hippies all night 
I could drink ten quarts of this beer 
and nothing it's like water 
But let me get onto the hard stuff 
and I'll start throwing people out windows 
I'll throw anybody out the window 
I've done it 
But you don't know what love is 
You don't know because you've never 
been in love it's that simple 
I got this young broad see she's beautiful 
She calls me Bukowski 
Bukowski she says in this little voice 
and I say What 
But you don't know what love is 
I'm telling you what it is 
but you aren't listening 
There isn't one of you in this room 
would recognize love if it stepped up 
and buggered you in the ass 
I used to think poetry readings were a copout 
Look I'm 51 years old and I've been around 
I know they're a copout 
but I said to myself Bukowski 
starving is even more of a copout 
So there you are and nothing is like it should be 
That fellow what's his name Galway Kinnell 
I saw his picture in a magazine 
He has a handsome mug on him 
but he's a teacher 
Christ can you imagine 
But then you're teachers too 
here I am insulting you already 
No I haven't heard of him 
or him either 
They're all termites 
Maybe it's ego I don't read much anymore 
but these people w! ho build 
reputations on five or six books 
termites 
Bukowski she says 
Why do you listen to classical music all day 
Can't you hear her saying that 
Bukowski why do you listen to classical music all day 
That surprises you doesn't it 
You wouldn't think a crude bastard like me 
could listen to classical music all day 
Brahms Rachmaninoff Bartok Telemann 
Shit I couldn't write up here 
Too quiet up here too many trees 
I like the city that's the place for me 
I put on my classical music each morning 
and sit down in front of my typewriter 
I light a cigar and I smoke it like this see 
and I say Bukowski you're a lucky man 
Bukowski you've gone through it all 
and you're a lucky man 
and the blue smoke drifts across the table 
and I look out the window onto Delongpre Avenue 
and I see people walking up and down the sidewalk 
and I puff on the cigar like this 
and then I lay the cigar in the ashtray like this and take a deep breath 
and I begin to write 
Bukowski this is the life I say 
it's good to be poor it's good to have hemorrhoids 
it's good to be in love 
But you don't know what it's like 
You don't know what it's like to be in love 
If you could see her you'd know what I mean 
She thought I'd come up here and get laid 
She just knew it 
She told me she knew it 
Shit I'm 51 years old and she's 25 
and we're in love and she's jealous 
Jesus it's beautiful 
she said she'd claw my eyes out if I came up here 
and got laid 
Now that's love for you 
What do any of you know about it 
Let me tell you something 
I've met men in jail who had more style 
than the people who hang around colleges 
and go to poetry readings 
They're bloodsuckers who come to see 
if the poet's socks are dirty 
or if he smells under the arms 
Believe me I won't disappoint em 
But I want you to remember this 
there's only one poet in this room tonight 
only one poet in this town tonight 
maybe only one real poet in this country tonight 
and that's me 
What do any of you know about life 
What do any of you know about anything 
Which of you here has been fired from a job 
or else has beaten up your broad 
or else has been beaten up by your broad 
I was fired from Sears and Roebuck five times 
They'd fire me then hire me back again 
I was a stockboy for them when I was 35 
and then got canned for stealing cookies 
I know what's it like I've been there 
I'm 51 years old now and I'm in love 
This little broad she says 
Bukowski 
and I say What and she says 
I think you're full of shit 
and I say baby you understand me 
She's the only broad in the world 
man or woman 
I'd take that from 
But you don't know what love is 
They all came back to me in the end too 
every one of em came back 
except that one I told you about 
the one I planted We were together seven years 
We used to drink a lot 
I see a couple of typers in this room but 
I don't see any poets 
I'm not surprised 
You have to have been in love to write poetry 
and you don't know what it is to be in love 
that's your trouble 
Give me some of that stuff 
That's right no ice good 
That's good that's just fine 
So let's get this show on the road 
I know what I said but I'll have just one 
That tastes good 
Okay then let's go let's get this over with 
only afterwards don't anyone stand close 
to an open window