0. História do Nobel e Frankfurt: Saramago e Dario Fo.
1. Sobre o trabalho em grupo
Continuando o exercício de grupos: fizemos o esqueleto. Agora é preciso dar-lhe forma. Uma casa começa por ser um simples conceito: um sítio apartado de outros onde nos abrigarmos. Depois passa a desenho: digamos, um quadrado com um triângulo em cima (e, pronto, uma chaminé). E depois? É preciso pensar nos materiais, na canalização, na rede eléctrica. E depois? Nas divisões concretas. E depois? Nos materiais de acabamento. E depois? Na decoração. E depois? Nos móveis. E depois? Na divisão da casa e distribuição de funções. E depois? No quotidiano. E depois? (...)
2. Porquê?
Quando se trabalha numa editora, os problemas são variados. Alguns são comuns a qualquer outra empresa - até a uma fábrica de salsichas, para citar uma tristemente célebre boutade de um editor (se é que era boutade) outros são específicos. O livro não é uma mercadoria qualquer. Por outro lado, sim, o livro é uma mercadoria qualquer. Acima de tudo, talvez possamos estar de acordo, o livro é uma mercadoria conflitual, com cargas valorativas contraditórias, que não acontecem, digamos, com um croquete ou uma camisa ou um computador. E o livro tem sérios problemas de anacronia.
Um exemplo: a duração. O livro ainda pertence, na nossa cabeça, a uma duração lenta e longa, mas na verdade a maioria dos livros cada vez dura menos. Há anos que é dito: «Os livros hoje em dia duram tanto como um iogurte.» Não é bem assim: hoje em dia muitos livros duram menos que um iogurte. A produção de livros é avassaladora e muito superior à procura. Temos a impressão de que, hoje, um leitor é um produto mais raro que um escritor.
Nenhum de nós sabe quantos deste mestrado estarão, daqui a três anos, a trabalhar na indústria do livro. Até agora as saídas profissionais têm sido boas. Alguns alunos acham (e terão razão) que pouco aprenderam no mestrado. Outros acham (e espero que também tenham razão) que aprenderam alguma coisa e que, sim, foi útil para as suas carreiras profissionais e percursos pessoais. Todos estão a cumprir tarefas para as quais não foram exactamente treinados. E também, felizmente, por vezes descobrem que exercícios práticos e/ou de reflexão os prepararam, sem se darem conta, para desafios súbitos.
Nesta disciplina tentamos enumerar - e responder q.b. a - alguns dos problemas mais prováveis na edição real (dentro das competências, sempre limitadas, do docente, e do interesse, umas vezes maior, outras menor, dos discentes).
É certo que a perspectiva profissional mais razoável é a de se ser assistente editorial, ou seja, de não tomar decisões de gestão/orientação: criar catálogo, escolher as grandes linhas, planificar o ano, gerir esforços e recursos, etc. Não vamos ser todos comandantes de voo transcontinental da TAP - mas é útil se o pessoal de bordo tiver alguma noção de para que servem os botões no cockpit. Somos melhor equipa se todos tivermos uma noção informada do que os parceiros fazem. E, eventualmente, se os pudermos ocasionalmente substituir, maravilha.
3. Traduzindo textos presos à língua de chegada
E aqui, uma interessante crónica sobre a tradução e as suas dificuldades.
1. Sobre o trabalho em grupo
Continuando o exercício de grupos: fizemos o esqueleto. Agora é preciso dar-lhe forma. Uma casa começa por ser um simples conceito: um sítio apartado de outros onde nos abrigarmos. Depois passa a desenho: digamos, um quadrado com um triângulo em cima (e, pronto, uma chaminé). E depois? É preciso pensar nos materiais, na canalização, na rede eléctrica. E depois? Nas divisões concretas. E depois? Nos materiais de acabamento. E depois? Na decoração. E depois? Nos móveis. E depois? Na divisão da casa e distribuição de funções. E depois? No quotidiano. E depois? (...)
2. Porquê?
Quando se trabalha numa editora, os problemas são variados. Alguns são comuns a qualquer outra empresa - até a uma fábrica de salsichas, para citar uma tristemente célebre boutade de um editor (se é que era boutade) outros são específicos. O livro não é uma mercadoria qualquer. Por outro lado, sim, o livro é uma mercadoria qualquer. Acima de tudo, talvez possamos estar de acordo, o livro é uma mercadoria conflitual, com cargas valorativas contraditórias, que não acontecem, digamos, com um croquete ou uma camisa ou um computador. E o livro tem sérios problemas de anacronia.
Um exemplo: a duração. O livro ainda pertence, na nossa cabeça, a uma duração lenta e longa, mas na verdade a maioria dos livros cada vez dura menos. Há anos que é dito: «Os livros hoje em dia duram tanto como um iogurte.» Não é bem assim: hoje em dia muitos livros duram menos que um iogurte. A produção de livros é avassaladora e muito superior à procura. Temos a impressão de que, hoje, um leitor é um produto mais raro que um escritor.
Nenhum de nós sabe quantos deste mestrado estarão, daqui a três anos, a trabalhar na indústria do livro. Até agora as saídas profissionais têm sido boas. Alguns alunos acham (e terão razão) que pouco aprenderam no mestrado. Outros acham (e espero que também tenham razão) que aprenderam alguma coisa e que, sim, foi útil para as suas carreiras profissionais e percursos pessoais. Todos estão a cumprir tarefas para as quais não foram exactamente treinados. E também, felizmente, por vezes descobrem que exercícios práticos e/ou de reflexão os prepararam, sem se darem conta, para desafios súbitos.
Nesta disciplina tentamos enumerar - e responder q.b. a - alguns dos problemas mais prováveis na edição real (dentro das competências, sempre limitadas, do docente, e do interesse, umas vezes maior, outras menor, dos discentes).
É certo que a perspectiva profissional mais razoável é a de se ser assistente editorial, ou seja, de não tomar decisões de gestão/orientação: criar catálogo, escolher as grandes linhas, planificar o ano, gerir esforços e recursos, etc. Não vamos ser todos comandantes de voo transcontinental da TAP - mas é útil se o pessoal de bordo tiver alguma noção de para que servem os botões no cockpit. Somos melhor equipa se todos tivermos uma noção informada do que os parceiros fazem. E, eventualmente, se os pudermos ocasionalmente substituir, maravilha.
3. Traduzindo textos presos à língua de chegada
E aqui, uma interessante crónica sobre a tradução e as suas dificuldades.
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